No mundo corporativo de hoje, a teoria e a prática vivem uma relação conturbada e exigente. Espera-se que líderes e profissionais respondam a desafios que se desenrolam a uma velocidade estonteante, onde o tempo para planear é reduzido e a necessidade de ação imediata impera. O tradicional “aprender para depois aplicar” dá agora lugar ao “aprender enquanto se aplica” – uma abordagem mais orgânica, mas não menos desafiadora.
“Crescer no contexto” é, assim, um exercício de flexibilidade mental e emocional, onde o executivo precisa abandonar a ideia de “preparação completa” e substituir por “preparação contínua”.
É aprender a tomar decisões com informação incompleta e a corrigir o curso à medida que novas competências são desenvolvidas, num contexto em que já não há espaço para uma preparação exaustiva, em que somos forçados a crescer em movimento, muitas vezes, sem mapa e em terreno desconhecido.
Crescer no contexto requer uma boa dose de coragem e discernimento. Temos de aceitar que erros vão acontecer e que o “erro” é, na verdade, um dos instrumentos mais eficazes de desenvolvimento. Para o executivo, o risco do erro e a exposição da aprendizagem em público podem ser desconfortáveis mas as consequências – resiliência e agilidade e a capacidade de tomada de decisão rápida e informada com base em informação incompleta – valem a pena.
Mas não basta coragem! Este modelo de desenvolvimento requer o domínio de outra competência basilar: aprender a aprender. É necessário criar hábitos de curiosidade contínua, assumindo-se o papel de constante aprendiz e, paradoxalmente, de especialista em adaptar-se. No outro lado da moeda, a flexibilidade cognitiva, isto é, a capacidade de “desaprender” práticas que já não fazem sentido e absorver novas abordagens, é igualmente vital. Permite um “upskilling instantâneo” que mantém o executivo em movimento, desperto para “o que será” e não como “sempre foi”, característica relevante em sectores onde a inovação transforma a paisagem a cada trimestre.
Assim, crescer no contexto não é uma fórmula que se aprende de um manual. É uma prática diária, onde a capacidade de evoluir se desenvolve na medida em que abraçamos o desconhecido, ajustamos a rota e absorvemos as lições em tempo real. Este é o perfil do profissional que o mercado moderno exige: alguém que combina estratégia com improviso, experiência com curiosidade e conhecimento com ação. Crescer no contexto é, no fundo, uma forma de liderar em sincronia com os desafios, identificando as competências necessárias a cada momento e assumindo que o caminho se faz com ciclos iterativos de decisão, adaptação e ação, simultâneos e interligados. Assim, torna-se um elemento indispensável para qualquer organização que pretenda prosperar num mercado que já não oferece o luxo de aprender primeiro para fazer depois.
Por Rita Duarte, CEO da Header