A transição de uma empresa familiar para uma estrutura mais profissionalizada é um processo complexo, mas necessário para garantir a sustentabilidade e o crescimento a longo prazo. Muitas organizações familiares enfrentam este desafio, onde o equilíbrio entre manter o legado e permitir a inovação torna-se uma peça chave para o sucesso.
Conheça alguns dos insights partilhados na conversa entre Rita Duarte (CEO da Header) e Miguel Canedo (CEO da Fitembal), durante a conferência Header: Metamorphosis – Leading the Future in Change.
1. O processo de profissionalização numa empresa familiar requer uma mudança bem planeada e estruturada
O verdadeiro desafio é garantir que a empresa está aberta a novas ideias e talentos, e que todos, aqueles que já fazem parte da organização e também o talento recrutado, tenham a oportunidade de evoluir. Este tipo de transição, quando bem-sucedida, requer uma adaptação da mentalidade organizacional para abraçar a modernidade e os desafios que o contexto vai colocando.
2. A mudança deve ser gradual e estratégica
Não existe um “momento certo” para transformar. A prática mostra que estas mudanças tendem a acontecer de forma lenta, com base em decisões calculadas. Um exemplo atual é a transição para a Indústria 4.0, onde a digitalização e automatização têm sido incorporadas de forma contínua e progressiva ao invés de disrupções pontuais.
3. Atenção ao mercado
Para garantir a longevidade, as empresas devem estar sempre atentas aos sinais do mercado. A liderança tem a responsabilidade de identificar e analisar esses sinais, ajustando a organização às necessidades externas e internas. O envolvimento de várias áreas da empresa na gestão, incluindo operações, marketing e finanças, é crucial para que haja uma visão abrangente dos desafios e das oportunidades de inovação.
Este processo de análise e adaptação deve ser constante, permitindo que a empresa se mantenha competitiva e inovadora.
4. Conhecermos a nossa cultura e a missão que temos é fundamental
Apesar das mudanças necessárias para garantir o futuro da organização, há elementos fundamentais do legado da empresa que devem ser preservados. Valores enraizados, como o compromisso com a comunidade, a integridade ética e a forma como a empresa se relaciona com o mundo externo, são partes essenciais do ADN da organização.
Estes valores não podem ser sacrificados em nome da modernização, pois são muitas vezes o que diferencia a empresa e assegura a sua reputação a longo prazo.
5. Fazer evoluir uma organização depende das pessoas que a constituem
A mentalidade das pessoas é um dos aspetos mais cruciais a ser trabalhado durante este processo de transformação. A automatização dos processos de produção e gestão é inevitável, mas isso requer uma força de trabalho mais crítica e informada.
Pessoas com capacidade de pensamento analítico, com preocupações sociais e ambientais, e com uma formação contínua são a chave para o sucesso da transição. Esta evolução é não só tecnológica, mas também humana, exigindo um foco na formação e desenvolvimento das equipas.
6. Liderança hoje requer atitude, resiliência e vontade de arriscar
Trazer uma visão global para dentro da empresa é fundamental para garantir que esta permanece competitiva e relevante no futuro. Num contexto de rápidas mudanças económicas e sociais, os futuros líderes devem estar preparados para se adaptar e aprender continuamente.
O conselho é simples: sair da zona de conforto, viajar, adquirir novas experiências e abrir horizontes. O conceito de “emprego para a vida” já não é aplicável, e as empresas familiares devem promover uma cultura de aprendizagem contínua, onde o conhecimento adquirido ao longo da vida seja constantemente atualizado e passado para as novas gerações, sempre adaptado às novas realidades.
A adaptação das organizações ao contexto é um desafio cheio de nuances, mas necessário para a sua sobrevivência a longo prazo. Equilibrar o legado com a inovação é a chave para o sucesso, e a capacidade de adaptação das equipas e dos líderes determinará o futuro do mercado empresarial português.