Lifelong Learning: conceito, tendência ou mindset?
Lifelong Learning é, como o seu nome indica, a prática contínua de aprendizagem ao longo da vida e num mundo onde as mudanças tecnológicas e organizacionais são constantes torna-se cada vez mais essencial adotar este mindset.
Mas este conceito traduz-se em muito mais do adquirir conhecimento técnico.
Esta abordagem desenvolve competências como pensamento crítico, criatividade e adaptabilidade, fundamentais para enfrentar os desafios, espoletar a inovação e até antecipar o futuro.
Desta forma, o conceito de LifeLong Learning tem vindo a ganhar destaque como uma tendência no mundo empresarial, sendo amplamente promovido como essencial para o crescimento profissional e organizacional.
Conforme o estudo da Header “Looking ahead to 2030”, sobre as tendências emergentes no mundo corporativo, evidencia-se a curiosidade e a abertura à aprendizagem contínua como competências essenciais para o futuro das organizações. Além disso, destaca neste ranking uma crescente valorização das power skills em detrimento das hard skills, como a inovação, a agilidade e o autoconhecimento.
E qual o desafio das empresas?
Apesar das empresas valorizarem colaboradores mais criativos, proativos e com espirito crítico, muitas possuem culturas e estruturas que desincentivam esses comportamentos, criando barreiras que dificultam e até inibem o desenvolvimento contínuo.
Muitas pessoas passaram anos (ou décadas) num sistema educativo e profissional que valoriza a conformidade, a execução de tarefas e a minimização de riscos, e isso leva a um pensamento mais rígido e reativo, em vez de inovador e proactivo.
Tal como argumenta Pasi Sahlberg, educador, professor e autor finlandês, as políticas educacionais padronizadas podem sufocar a criatividade e a eficácia das escolas, destacando a importância de abordagens educacionais mais holísticas e personalizadas, que valorizam a confiança nos professores, a colaboração e o bem-estar dos alunos, resultando em sistemas educativos mais saudáveis e eficazes, que não só prepara os indivíduos para o mercado de trabalho, mas também estimula uma mentalidade de mudança e colaboração.
E este é o grande paradoxo!
Então, o que podemos fazer para promover uma mentalidade de crescimento contínuo nas organizações?
As organizações devem criar ambientes onde estes comportamentos sejam naturais e recompensados. Para tal é essencial que os líderes sejam os primeiros a adotar este mindset e a incentivar os membros das suas equipas a fazer o mesmo.
Isso envolve desde o apoio em iniciativas de formação contínua, até a promoção de ambientes onde o erro é encarado como uma oportunidade de aprendizagem. A liderança deve garantir que a curiosidade seja estimulada, que o conhecimento seja compartilhado de forma colaborativa, e que todos os colaboradores sintam-se envolvidos e motivados a contribuir com novas ideias.
Também, os colaboradores devem encarar a sua carreira de um modo diferente.
Tal como é defendido no artigo da Harvard Business Review, os profissionais em vez de seguir um percurso linear, devem encarar a sua carreira como um portfólio de experiências que cresce através da aprendizagem contínua e da exploração de novas áreas, competências e projetos.
Esta abordagem flexível permite adaptabilidade e crescimento contínuo, facilitando a aprendizagem ao longo da vida e promovendo a resiliência, a agilidade, a criatividade e capacidade de resolver problemas de forma inovadora.
Empresas que souberem integrar estes princípios vão criar maior engagement com os seus colaboradores e garantir profissionais preparados para os desafios do futuro.
Construir um portfólio de carreira sólido requer uma mentalidade de aprendizagem contínua com práticas para incorporar no dia a dia:
- Aprender a aprender: desenvolver hábitos de estudo e reflexão constantes.
- Explorar diferentes áreas: ler, participar em cursos e desafiar-se com novas experiências.
- Fomentar uma cultura de feedback: estar aberto a críticas construtivas e crescimento pessoal.
- Investir em soft skills: A inteligência emocional e a colaboração são tão importantes quanto o conhecimento técnico.
Ser criativo, inovador, proativo ou resiliente não são talentos exclusivos de alguns, mas sim competências que podem ser cultivadas e desenvolvidas ao longo da vida.
Por Débora Mártires Senior Business Developer da Header