Transformar Experiência em Impacto na Cultura Organizacional
O impacto de regressar como People Business Partner a uma marca que conheço bem – – com proximidade, imparcialidade e propósito
Depois de alguns anos como Training Specialist na Header, uma das marcas da Wellow Network, senti que precisava de algo novo. Estava numa fase de procura por mais desafios, por contextos diferentes, por espaço para crescer e contribuir de forma mais transversal. A decisão de deixar a Header foi tudo menos fácil — foi emocionalmente desafiante, porque ali construí relações, pertença e uma parte importante da minha identidade profissional.
Mas foi com muito entusiasmo que abracei um novo capítulo dentro da Wellow Network e integrei a equipa de People & Culture (P&C) como People Business Partner (PBP). Um movimento que me permitiu olhar para o grupo com outros olhos, do ponto de vista estratégico, apoiando várias marcas e equipas no seu desenvolvimento.
Alguns meses depois dessa transição, surgiu um desafio particularmente simbólico: ser PBP da própria Header. A marca que conheço tão bem, com a qual tenho uma ligação forte, emocional e de enorme respeito. Um desafio especial — e, ao mesmo tempo, exigente.
Entre a ligação emocional e a clareza estratégica
Estar tão próxima de uma marca — conhecer o dia a dia, os rituais, as pessoas, as decisões e as histórias — é um privilégio. E também uma responsabilidade. É um exercício contínuo de escuta, adaptação e entrega com propósito.
Assumir um papel estratégico junto de uma equipa onde já estive integrada exige equilíbrio. É preciso manter a proximidade sem perder a imparcialidade. Escutar com empatia, mas atuar com critério. E sobretudo, ganhar a confiança num novo papel, mesmo quando já existia confiança numa função anterior.
Mais do que um simples regresso, trata-se de uma mudança de perspetiva: do quotidiano vivido na operação para a construção estratégica que visa apoiar o negócio e as pessoas que o sustentam. Enquanto estive na Header pude conhecer a cultura por dentro — observar, participar, errar e crescer. Na altura, absorvia tudo com o olhar de quem está a aprender. Hoje, carrego essa bagagem com um olhar mais maduro e consciente sobre o impacto que a área de P&C pode (e deve) ter no sucesso de qualquer organização
Conhecer o negócio de dentro: um trunfo estratégico
Ter feito parte da Header permite-me compreender os seus negócios core e o seu ritmo e assim, atuar com uma sensibilidade difícil de adquirir de fora para dentro. Saber como a marca pensa, como age e o que valoriza facilita muito o meu trabalho como PBP — porque consigo antecipar necessidades, interpretar sinais e ajustar soluções à realidade concreta da equipa.
Não comecei do zero. E isso tem um valor enorme. Mas ter essa vantagem inicial só faz sentido se for acompanhada de uma renovada capacidade de escuta, de análise e de proposta. Não basta conhecer — é preciso transformar esse conhecimento vivido em impacto real.
E isso só acontece com a consciência de que os contextos mudam, as equipas evoluem, e o que funcionava antes pode já não ser suficiente hoje.
Lembro-me de como era estar do outro lado das decisões, da ansiedade em querer contribuir e da vontade de ter voz. Essa memória ajuda-me agora a antecipar resistências, a comunicar com empatia e a propor soluções que façam sentido no contexto real das equipas.
Mais do que entender “o que se faz”, compreendo “como se sente”. E isso tem um valor incalculável no trabalho de uma PBP.
Reposicionar a presença com propósito
Regressar a uma organização que já conheces e que já te conhece exige mais do que conhecimento prévio — exige um reposicionamento. Da minha parte e da parte dos outros. Já não sou quem era — e também não espero que as pessoas sejam as mesmas. Como tal, foi essencial reposicionar a forma como sou vista, agora num papel mais estratégico, mais focado em influenciar decisões, apoiar lideranças e garantir que as pessoas continuam no centro da equação.
Nem sempre é fácil dissociar-me da imagem do passado. Tive de conquistar o espaço de novo, agora com outras ferramentas, outra maturidade e com uma visão muito mais ampla do que é gerir com e para as pessoas.
Houve momentos em que me perguntei: “Será que vão conseguir ver quem sou hoje, para além do que já fui aqui?” Mas a verdade é que, quando as ações são consistentes, a confiança renova-se. Mas a credibilidade, essa, conquista-se todos os dias com consistência, com clareza e com resultados. E é isso que me guia: respeitar o passado, honrar a relação, mas contribuir com o olhar voltado para o futuro.
Transformar conhecimento em impacto
Assumir este papel é, também, aceitar o desafio de transformar conhecimento vivido em ação estratégica.
Hoje, o meu foco está em apoiar as lideranças na construção de equipas mais alinhadas, em trazer dados que sustentem decisões e em garantir que a experiência dos colaboradores evolui de forma contínua e positiva.
A minha ligação à marca é real, mas não me condiciona. O meu mantra é saber manter a integridade do papel: não estar demasiado perto a ponto de perder a objetividade, nem tão distante que se perca a autenticidade.
Reflexão final
Voltar como PBP à Header, depois de ter feito parte da sua história, é uma experiência verdadeiramente significativa. É um exercício diário de equilíbrio entre o que conheço e o que preciso desafiar, entre a relação que tenho e o papel que desempenho.
Da experiência vivida à ação estratégica, tenho a certeza de que é possível conjugar proximidade com imparcialidade, e ligação emocional com foco no impacto. E que, por vezes, os maiores desafios são também os que mais nos fazem crescer — exatamente porque nos tocam mais de perto.
Por Joana Santos, Senior People Business Partner da Wellow Network